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¯`*·.¸¸♥ღ°Quem é essa que me olha de tão longe, com olhos que foram meus?(Retrato antigo - Helena Kolody) ¯`*·.¸¸♥ღ° Quem é essa que me vê do lado de lá quando eu dela preciso cá? Quem é essa que está em mim e eu nela em hora sem fim? Quem é essa, quem sou eu?De tanta pressa o vento a levou...Fiquei eu Olho no olho O meu no seu Num retrato antigo Num estar comigo Num olhar só meu. (Janice Persuhn)¯`*·.¸¸♥ღ° De retralho em retalho tiram pedaços de mim de espaço a espaço costuram os vazios de mim de palavra a palavra descobrem eu sou mesmo assim. (Autópsia) ¯`*·.¸¸♥

PrOfeSsOrA WiLma NuNeS RaNgEl

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quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Conheça a entrevista com o escritor que mais escreveu para a Série Vagalume

PROVA PARCIAL DA OBRA O GRITO DO HIP HOP DE LUIZ PUNTEL
Do menino leitor e admirador de livros

Ao autor que mais escreveu para Série Vagalume
Luiz Puntel é um homem que ama o que faz. Bancário por necessidade, professor de português por vocação e escritor por gosto.  Autor de alguns dos livros mais populares da Coleção Vaga Lume como “Açúcar Amargo”,  “Deus Me Livre” e “Meninos Sem Pátria”, sua obra é  famosa por abordar situações próximas à realidade dos leitores de diversas regiões do país. Em entrevista exclusiva ao Be Style, ele fala sobre a relação com os fãs e a alegria de se tornar parte de uma série da qual já era fã.

Be Style -Como você se tornou autor de livros infantojuvenis? Quem foi sua maior inspiração para começar a escrever?

Luiz Puntel -
Eu nasci em Guaxupé, sul de Minas Gerais, e, ainda pequeno, fomos morar em são José do Rio Pardo (SP). Uma coisa que sempre me encantou na cidade era a redoma de vidro, onde se conserva o escritório de campo do escritor Euclides da Cunha, que era engenheiro e veio à cidade para construir a ponte sobre o rio. Então, desde pequeno eu ouvia falar na Semana Euclidiana, na importância do escritor e na veneração que
havia em torno de seu nome.
Este valor, o do respeito pelo livro, pelo autor de um texto, certamente foi importante na minha formação. Mais tarde, nos mudamos para Ribeirão Preto (SP), onde estudei, passei minha adolescência, casei e vivo até hoje. Na década de 50/60, ainda não havia televisão, e pegar um cineminha era sempre complicado porque faltava mês no fim do salário de papai. Então, minhas quatro irmãs e meu irmão mais velho tinham um hábito, que peguei deles: o de frequentar a Biblioteca Cultural Altino Arantes, onde conseguíamos livros emprestados.
Acho que tudo isso colaborou na formação do leitor que fui e dos livros infantojuvenis que escrevi ao longo de um bom tempo. Lógico que a lista de autores que me influenciaram é extensa e inclui muita gente boa: Elias José, o cronista Drummond, Fernando Sabino, Giselda Nicolelis, Ganimédes José, Marcos Rey, Francisco Marins, entre tantos outros.
Be Style - Como surgiu o convite para escrever para a série Vaga-Lume? Você já tinha lido algum livro da coleção antes de fazer parte dela?
Puntel - Eu já escrevia crônicas em jornais da cidade, quando a revista Escrita, do Wladyr Nader, publicou uma lista de editoras que aceitavam originais. Mandei para umas dez editoras. Nada! Mas, um belo dia, toca o telefone do Banco do Brasil, onde eu trabalhava como escriturário. Era o JiroTakarashi, editor da Editora Ática, interessado em publicar meus escritos. E, realmente, o livro, que se chamou “Não aguento mais esse regime”, veio a lume na série Autores Brasileiros. Depois disso, ele ficou sabendo de uns originais que eu tinha na gavetae publicou “Deus me livre”, já na série infantojuvenil da Vaga-Lume. Os outros livros foram consequência deste sempre respeitoso contato com o pessoal da Ática.
Be Style - Você recebeu alguma recomendação para seguir em suas histórias ou teve total liberdade para criá-las?
Puntel - Sempre escrevi em parceria com a editora. O livro infantojuvenil, por fazer parte de uma série de livros, onde há outras temáticas, passa por um processo editorial para que sejam estudadas as possibilidades de publicação. Eu me lembro que com o JiroTakarashi era assim, com o Fernando Paixão e a querida Carmen Campos sempre foi assim. A gente conversava sobre uma história possível, havia a feitura de uma sinopse e eu ia trabalhando no texto. Havia sugestões, havia leituras críticas necessárias, mas nunca imposição.
Be Style - Você chegou a ler outros trabalhos da série? Quais foram os que você mais gostou?
Puntel - Eu li todos os livros da série Vaga-Lume. E um autor que me encantou muito e de quem me tornei mais próximo, até mesmo pela admiração que eu tinha por ele, foi o Marcos Rey. O “Markito” tinha uma veia para bolar narrativas, o que sempre me encantou. Primeiro na literatura adulta, com “Memórias de um Gigolô”, entre outros livros muito bem elaborados. Depois, com seus livros infantojuvenis. Quando li “O Mistério do Cinco Estrelas”, amei demais!
Be Style - Entre todas as suas criações, qual é o seu livro favorito? E o seu personagem favorito?
Puntel - Eu gosto muito de todos. Sei que é lugar comum, um clichê, mas eu os quero como filhos. Era preciso escrevê-los. O enredo vira ideia fixa, como diria Brás Cubas, personagem machadiana, e é preciso botá-lo para fora. Com o tempo, vejo que poderiam ser mais bem escritos, mais elaborados, mas não os renego. Agora, um livro que me marcou e que teve até esse trabalho de reescrita, por questões editoriais e de atualização temporal, foi o “Meninos Sem Pátria”.
Eu tinha lido um depoimento da Terezinha Rabêlo, mulher do jornalista Zé Maria Rabêlo, no livro “Memórias das Mulheres do Exílio”, e a leitura foi o estopim para escrever a história dos meninos brasileiros exilados na França. Outro que me marcou muito foi “O Grito do Hip Hop”, escrito a quatro mãos com a saudosa professora Fátima Chaguri. Escrever sobre o movimento do Hip Hop foi importante por nos ter aproximado da cultura popular da periferia.
Be Style - Como escrever para a coleção influenciou sua carreira?
Puntel - Na verdade, eu escrevi poucos títulos. Como eu sou “dublê” de professor de português e era também bancário, não tinha muito tempo para me dedicar a escrever. E, sempre que havia tempo, a coleção absorvia o que eu escrevia. Agora, é impressionante como a coleção tinha uma ótima aceitação pelo Brasil afora. Eu me lembro de sempre ir às escolas, em vários estados brasileiros, para falar com alunos e conversar com professoras. Isso me ajudou a ampliar a visão que adquiri deste continente a que chamamos Brasil.
Be Style – Você também é professor. Isso facilitou na hora de escrever ao público infantojuvenil? Seus alunos o abordam para falar de seus livros?
Puntel - O fato de ser professor me ajudou sim a escrever para o público infantojuvenil. Como eu vinha do gênero crônica, que é um texto mais direto e objetivo, aprendi a desenvolver um texto mais ágil, envolvendo diálogo dos personagens e ação. A geração contemporânea de jovens, diferentemente dos sessentões, já nasceram sob a égide da TV.
Agora, mais recentemente, com a concorrência da internet, fica mais difícil prender sua atenção com textos voltados para um comportamento reflexivo, introspectivo. Como eu disse antes, não só meus alunos, mas os leitores da série Vaga-Lume de muitas cidades brasileiras onde eu tive a oportunidade de ir para conversar a respeito dos livros, sempre demonstraram o carinho pela série, pelos títulos que escrevi e também por de outros autores. 
Be Style - Uma característica muito forte da sua obra é a abordagem de temas políticos, polêmicos e atuais em seus livros, como a repressão durante a ditadura militar em "Meninos Sem Pátria", as condições precárias de vida dos boias-frias em "Açúcar Amargo", o tráfico de crianças em "Tráfico de Anjos", a vida dos dekasseguis em "Missão no Oriente" e o cotidiano nas favelas paulistas em "O Grito do Hip Hop".
No prefácio de "Meninos sem Pátria" você menciona que a inspiração para a história foi um aluno seu, exilado no Brasil por conta dos conflitos em seu país de origem. Podemos dizer que essa contemporaneidade nos temas é diretamente influenciada pelo contato com seus alunos ao mesmo tempo em que auxilia no estreitamento dos laços com seu público?
Puntel - Como eu afirmei antes, eu não tinha muito tempo para escrever, já que era bancário e professor de português. Então, ao me debruçar sobre o trabalho, sempre entendi que era preciso abordar temas que traziam o apelo do social. Se consegui, que bom! Se não, tentei. Assim foi com quase todos os livros que escrevi. Seja a questão de desapropriação de favela, em “Deus me livre”, os meninos exilados em “Meninos sem Pátria”, o tráfico internacional de bebês em “Tráfico de Anjos”, a greve de boias-frias, na década de 80, em “Açúcar Amargo”, os jovens nisseis que vão para o Japão ser dekasseguis e o olhar carinhoso para o movimento do Hip Hop, em “O Grito do Hip Hop”.
Be Style - Seu endereço para contato sempre foi divulgado em suas publicações. Como é o contato com os leitores? Qual foi a reação mais emocionante ou gratificante que o senhor já obteve por causa de sua obra?
Puntel - Bom, eu sou do tempo em que se escreviam cartas. Os alunos liam os livros e as professoras motivavam que escrevessem ao autor. Eu sempre segui o conselho do Mário de Andrade nisso. O Mário não deixava um amigo ou leitor sem resposta. E daí a série de livros de correspondência que ele teve com Drummond, Bandeira, Anita Malfatti e com o então jovem escritor Fernando Sabino.

Eu recebia muitas cartas e dava conta de responder a todos os leitores. Até hoje vou às escolas para conversar com os alunos, incentivar a leitura e falar da importância de, por meio dela, nos voltarmos para a necessidade de termos espírito crítico sobre as questões sociais brasileiras.

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